As Aventuras de Alexander von Humboldt
Herdeiros do Iluminismo, diversos cientistas empreenderam ao longo do século XIX viagens de descoberta que ainda hoje moldam o nosso conhecimento da natureza e nos recordam que do intercâmbio de ideias e da luta contra a intolerância nascem os maiores feitos do ser humano, quer a nível intelectual quer a nível social e afectivo.
Alexander von Humboldt nasceu a 14 de Setembro de 1769, na cidade prussiana de Berlim. Irmão mais novo de um outro Humboldt (Wilhelm, talvez mais conhecido por ter sido diplomata, ministro, filósofo e linguista), Alexander viajou por diversos países, sendo a viagem pela América Latina, entre 1799 e 1804, a que mais fama lhe trouxe. A sua versatilidade enquanto cientista (geógrafo, naturalista, explorador) seria enaltecida por Goethe, de quem se tornaria amigo. O explorador acreditava no poder da aprendizagem e escrevia os seus livros a pensar no público em geral e não apenas nos cientistas.
Com a devida autorização da coroa espanhola, Humboldt chegou à Venezuela a 16 de Julho. Seguiu-se (nas designações actuais) Cuba, Colômbia, Equador, Peru e México e nova passagem por Cuba a caminho dos Estados Unidos, onde se encontrou com o Presidente do país, Thomas Jefferson, ele próprio um cientista. As conversas entre os dois versaram mais do que apenas aspectos naturalistas, pois Humboldt pôde colmatar a falta de informação dos Estados Unidos (que tinham acabado de comprar o estado da Louisiana) sobre o Vice-Reino da Nova Espanha, com o qual faziam agora fronteira. Anos mais tarde, em Paris, Humboldt conheceria Simón Bolívar; num refinado salão da tertúlia parisiense, juntaram-se o libertador e o descobridor científico da América hispânica.
Em 1829, a convite do czar Nicolau I, empreende uma viagem à Rússia. Há muito que o cientista desejava visitar a Ásia, e em particular a Índia mas, não conseguindo que a Companhia Britânica das Índias Orientais lhe desse a necessária autorização, acede a viajar para lá dos Urais, passando pelo lago Baical e pelo mar Cáspio, e aferir da viabilidade da exploração mineira da platina. Londres queria evitar a viagem à Índia devido ao feroz ataque ao colonialismo espanhol que Humboldt fizera no primeiro volume de “Ensaio Político sobre o Reino da Nova Espanha”, publicado em inglês em 1811. Também na Rússia o poder se encarregou de organizar a viagem de maneira a que Humboldt não tivesse contacto com os servos russos e não pudesse verificar as condições de pura escravatura em que viviam. Mas o cientista conseguiu algum espaço de manobra e, quanto mais se embrenhava na Sibéria, mais prazer tirava da viagem, que terminaria, mais uma vez, com preciosas informações científicas para a Rússia e para o mundo.
Um dos mais ávidos leitores de Humboldt foi Charles Darwin. Aliás, a obra do prussiano, descoberta por Darwin no seu último ano em Cambridge, seria a razão principal para a presença do inglês a bordo do Beagle, navio que o levou numa viagem à volta da Terra e que mudaria para sempre o nosso conhecimento sobre o reino animal. A excelente biografia escrita por Andrea Wulf venceu o Costa Biography Award 2015 e foi agora publicada em português pela editora Temas e Debates.
Título: A Invenção da Natureza
Autora: Andrea Wulf
Editora: Temas e Debates
Idioma: Português
Género: Biografia
Title: The Invention of Nature
Author: Andrea Wulf
Publisher: John Murray
Language: English
Classification: Biography